sábado, 9 de julho de 2011

As marcas da nossa vida (11) - Fnac


Corria o ano de 1954 quando surgiu a primeira loja FNAC (Federation Nationale d'Achats des Cadres) em Paris, mais precisamente na Rue de Sebastopol.
O conceito foi criado por dois amigos, André Essel e Max Théret, e, inicialmente, a FNAC actuava exclusivamente como um clube de compras, onde apenas os associados podiam beneficiar das vantagens oferecidas pela marca. Os artigos, numa primeira fase maioritariamente artigos fotográficos, eram comercializados com descontos apelativos exclusivamente através da revista Contact, que era enviada aos sócios do clube. O ponto essencial do novo conceito era precisamente o desconto de que os sócios podiam beneficiar, uma vez que os fundadores da marca prescindiram de uma parte considerável do markup do retalhista para poderem oferecer preços mais baixos, e assim aumentar o poder de compra da classe trabalhadora francesa, preocupação esta que apareceu devido ao posicionamento político dos dois fundadores, que apoiavam algumas ideias socialistas.
Assim, a FNAC oferecia produtos de qualidade, mas tornava-os disponíveis a todos, não apenas às elites, posicionando-se imediatamente como uma empresa centrada na defesa do consumidor.
A FNAC introduziu também muitas outras novidades na sua época a pensar nos seus consumidores, que se revelaram apostas ganhas e lhe conferiram grande sucesso inicial. Os funcionários recebiam treino acerca dos produtos que vendiam para poderem informar sempre da melhor maneira possível os clientes, os produtos vinham com garantia de um ano e, para além disso, todos os produtos comercializados eram testados para avaliar se tinham valor para poderem fazer parte do portfolio da marca.
No ano de 1957, e após o grande sucesso inicial, a FNAC passou também a comercializar televisores, rádios, equipamento hi-fi e álbuns musicais.
O modelo de negócio feito inteiramente através da revista Contact persistiu até ao ano de 1966, em que abriu a sua loja a todos os clientes. O sucesso foi imediato e, pouco tempo depois, abriu a sua segunda loja, também em Paris, e, num espaço de três anos, contava já com quase 600 colaboradores.
O início da década de 70 trouxe mais lojas FNAC, agora espalhadas por toda a França, e também uma terceira loja em Paris, dedicada exclusivamente ao comércio de livros, uma nova área de negócio para a marca. A pressão do crescimento levou os dois fundadores da marca a abrirem-se a capital externo, e venderam assim 40% da companhia à Union des Assurances, uma seguradora.
A entrada no comércio dos livros foi feita através dos princípios já conhecidos da marca, oferecendo preços muitíssimo mais baixos que a concorrência, o que até levou à publicação de uma lei, conhecida como a lei “anti-fnac”, que limitava os descontos a 5%. Mesmo assim, a FNAC assumiu facilmente a posição de liderança no mercado livreiro francês.
Em 1977, com a continuação da demanda por um maior crescimento da marca, os dois fundadores venderam as suas participações na empresa à Société Génerale des Cooperatives de Consommation, uma sociedade de retalho com grande presença em França. Ainda assim, André Essel manteve-se à frente dos destinos da marca até 1983.
O início da década de 80 foi também marcante para a FNAC, com a entrada no índice bolsista de Paris em 1980, mas também pelo início da sua expansão internacional, com a abertura da primeira loja na Bélgica, corria o ano de 1981.
No final da década de 80, e início dos aos 90, a FNAC, já após algumas mudanças de vulto na estrutura accionista, começou a enfrentar a concorrência de outras empresas na área, como a Virgin, respondendo com mais investimento, criando a sua própria megastore em Paris, que se tornou um local de culto para muitos turistas da capital francesa, e lançando-se também ao mercado alemão, com a abertura da loja em Berlim, em 1991. Esta loja revelou-se uma má aposta por parte da marca, acabando a FNAC por se retirar do mercado germânico em 1995. Inversamente, a aposta internacional corria bem em outros países da Europa, como a Bélgica, onde foram abertas mais lojas, mas também com a chegada a Espanha, mais concretamente a Madrid, em 1993.
A FNAC continuou a mudar de mãos até que, em 1994, foi comprada pelos seus actuais donos, o grupo PPR (Pinault-Printemps-Redoute).
A chegada da marca a Portugal deu-se em 1998 e revolucionou o mercado dos seus produtos em Portugal, atingindo grandes níveis de aceitação, tornando Portugal numa das filiais estrangeiras mais rentáveis do grupo (3ª, responsável por 7% da receita da FNAC, apenas atrás de Espanha e França).
Actualmente, a marca está presente em 8 países, conta com cerca de 150 lojas e emprega cerca de 14000 pessoas.

Fontes utilizadas:
Fnac.pt e Fnac.com- Sites Oficiais
Funding Universe
PPR Group - Site Oficial

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